Engano-me no devaneio que me mostra em prantos soluçantes. Porque a agonia é pesada, sólida demais para ser materializada em míseras lágrimas. O coração está esmagado e o sangue, antes bombeado, agora alastra-se sobre os pulmões. A respiração profunda traz à tona um ar estranho, porém intrusivo, sufocante, lancinante. Algo também invasivo corre sob a epiderme das mãos e das pernas. Uma dor ataca-me na mediana do braço esquerdo. Enrijecem-se os músculos do pescoço e das costas, e da cabeça explodem pulsações obtusas, vulcânicas, empurrando-me a um estágio de perda da consciência. Um estremecimento tectônico afeta-me as coxas e os joelhos. É um caos corpóreo, um entorpecimento do espírito. Existe apenas a agonia. Dela saem os males e alguma fagulha de alegria, que ora inceidea-se, ora apaga-se na escuridão de tantas sensações sórdidas simultâneas. Agonia sentida esta, nunca representada. Não pertence a Werther ou ao sonhador de Noites Brancas. É minha somente. E isto tudo porque amo.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
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2 comentários:
estou mudo... outra vez!
Mudo também estou eu, mudo por estar sentindo tanto.
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