Salto propositadamente no ponto de ônibus errado. De preferência, naquele que fica distante de casa, não muito distante, mas levemente distante. Antecipo a saída para andar. Andar somente. Não ando para pensar, refletir, devanear ou buscar inspiração das linhas e sons urbanos, como muitos cronistas e poetas disseram e dizem por aí. Ando para andar. Andar para estar comigo mesmo. Para ser eu mesmo, nem que seja por desprezíveis dez minutos de andanças. É um andar descompromissado, desinteressado, um andar puro, desacompanhado de pensamentos ou sentimentos. Não quero pensar ou sentir, quero andar e ser. Andar e ser levado por mim mesmo, por minhas pernas longas, pelo par de tênis nike gasto, pelo tronco desajeitado e doído pelos sete quilos da mochila que carrego (sou bom com distâncias e datas, mas terrivelmente ruim com pesos; deve ser muito menos ou muito mais que sete quilos). No andar eu sou eu e não preciso pensar sobre nada. Só andar e andar, sem pensar na chegada ou lembrar da saída. Não lembro, não penso, eu ando e ando. Ando e sou. E isso me faz o mais sóbrio dos homens.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Menino! O que é isso!
Vejo alguém sendo tomado da esportividade jornalística e caindo no mundo maravilhoso das crônicas??
Postar um comentário