Estou em pé, num ônibus semi-lotado, levemente gasto pelo tempo. O escurecer parece adentrar na floresta que se ergue à minha frente. O estranho é que a floresta já está negra e obscura. Apenas os contornos do balançar das árvores é que podem ser percebidos pelo meu olhar. Então, percebo que, à minha direita, uma grande nuvem, escurecida pelo cair do sol, cintila em relâmpagos esparsos, pequenos, mas, curiosamente, com uma luz pálida e insólita. O escurecer já parece se confundir com a sombra da floresta e a grande nuvem ocupa, sorrateiramente, cada espaço ainda claro deixado por uma luz de cor laranja solitária, ainda viva no horizonte. E os relâmpagos se intensificam, em frequência e tamanho. Alguns alumiam sobremaneira a grande coluna de ar que se pode ver cada contorno da nuvem, de aparência densa e impenetrável. E tudo isso é muito natural. Aconteceu, acontece e acontecerá. Sempre. A chegada do frio, a despedida da tarde e o relampejar extraordinário de um céu prestes a explodir em pingos d'água. Exalo a existência humana e sua natureza artificial e não ouso compará-las à grandeza da natureza não-humana, a natureza aparentemente inanimada, mas que é a alma deste planeta tão solidário e espontâneo.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
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4 comentários:
Eu não sei me comportar em onibus.
Eu não sei me comportar diante de uma tempestade.
Ótima conclusão. Eu amei esse blog.
=D
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