domingo, 1 de março de 2009

Aquilo que não tem nome

A rotina termina, claro que temporariamente, e a cada fim de dia uma sensação inquieta, estranha penetra em minha mente. É algo que as obrigações esconderam durante todo o dia, mas que vem à tona por uma simples necessidade do espírito, espírito este que é velado, preterido, rejeitado pela rotina. Essa sensação parece acompanhar a brisa fria que entra pela janela semiaberta, com aquela onda de atemporalidade que permeiam as noites de sábado. A manhã do sábado também começa assim, como um intervalo que não terá fim, uma sensação de dormir no acordar, um cansaço prazeroso, acompanhado de uma preguiça confortante. Porém, aquilo que foi deixado de lado durante todos os cinco dias anteriores aparece com uma clareza tal que o corpo é assaltado por uma inércia inexplicável, um sentimento de conforto e desconforto, cólera e paixão, em um emaranhado de pulsações que provocam um completo estremecimento do espírito. Não é cansaço ou estresse, excesso ou insônia. É uma necessidade incompreensível e incomensurável, catalisadora de tanto ódio e amor, estranhamente juntos e pacíficos. Talvez a incapacidade do espírito de pertencer ao humano, ou a autocomiseração que levanta e abate, ou o antegozo de um sofrimento previsível. É uma linda, dilacerante e necessária ignorância do espírito.

Um comentário:

... disse...

belo demais para ser associado a algum tipo de ignoräncia...