Em mim, eu ouso dizer, percebo uma certa disposição, confortante, para um certo controle das emoções. Não se trata de cerceamento sentimental ou auto-coerção. É, sim, uma capacidade, uma inteligência, eu diria, de me comportar com cinismo, ironia e lucidez diante de sentimentos avassaladores, que arrastam até o mais racional dos homens até ao penhasco da insanidade. Será isso? Ou então, como diz Tchekhov em Viérotchka (e agora eu temo por este argumento), o comportamento deriva de uma "frieza calculista", "impotência do espírito", "uma incapacidade de assumir o belo com profundidade", ou mais grave ainda, da "velhice precoce, consequência da educação". (Céus.) Se a educação sentimental na verdade não é inteligência emocional coisa nenhuma, mas um desconhecimento das coisas belas e humanas, uma ignorância sentimental, fruto de uma experiência humana pobre, rude, encrustrada em uma completa auto-privação de todas as coisas belas e transcendentes as quais lemos em romances, ah..., Deus, que eu então me entregue ao descontrole, à irracionalidade e a este desarranjo de que os loucos apaixonados são acometidos ao acordar e que então respire, prove e abrace o mais humano dos sentimentos. Melhor ser arrastado à beira do penhasco e poder bradar a vitória das emoções do que permanecer em terra, junto aos pedantes e frios racionais, e fitar com reprovação e ojeriza estes apaixonados vermelhos, contritos e embriagados.
domingo, 12 de abril de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Felipe! tah demais hein?
adorei "Melhor ser arrastado à beira do penhasco e poder bradar a vitória das emoções do que permanecer em terra, junto aos pedantes e frios racionais, e fitar com reprovação e ojeriza estes apaixonados vermelhos, contritos e embriagados."
Massa! quem dera... mas hein, tem haver com o do Maiakovisk q eu postei no holofote, vc viu?
Bjus!
Valeu, Vilhena!
Não vi seu post lá, mas já já vou conferir!
=D
Postar um comentário