domingo, 12 de abril de 2009

Uma certa educação sentimental

Em mim, eu ouso dizer, percebo uma certa disposição, confortante, para um certo controle das emoções. Não se trata de cerceamento sentimental ou auto-coerção. É, sim, uma capacidade, uma inteligência, eu diria, de me comportar com cinismo, ironia e lucidez diante de sentimentos avassaladores, que arrastam até o mais racional dos homens até ao penhasco da insanidade. Será isso? Ou então, como diz Tchekhov em Viérotchka (e agora eu temo por este argumento), o comportamento deriva de uma "frieza calculista", "impotência do espírito", "uma incapacidade de assumir o belo com profundidade", ou mais grave ainda, da "velhice precoce, consequência da educação". (Céus.) Se a educação sentimental na verdade não é inteligência emocional coisa nenhuma, mas um desconhecimento das coisas belas e humanas, uma ignorância sentimental, fruto de uma experiência humana pobre, rude, encrustrada em uma completa auto-privação de todas as coisas belas e transcendentes as quais lemos em romances, ah..., Deus, que eu então me entregue ao descontrole, à irracionalidade e a este desarranjo de que os loucos apaixonados são acometidos ao acordar e que então respire, prove e abrace o mais humano dos sentimentos. Melhor ser arrastado à beira do penhasco e poder bradar a vitória das emoções do que permanecer em terra, junto aos pedantes e frios racionais, e fitar com reprovação e ojeriza estes apaixonados vermelhos, contritos e embriagados.

2 comentários:

Vilhena Soares disse...

Felipe! tah demais hein?
adorei "Melhor ser arrastado à beira do penhasco e poder bradar a vitória das emoções do que permanecer em terra, junto aos pedantes e frios racionais, e fitar com reprovação e ojeriza estes apaixonados vermelhos, contritos e embriagados."
Massa! quem dera... mas hein, tem haver com o do Maiakovisk q eu postei no holofote, vc viu?
Bjus!

Felipe Moraes disse...

Valeu, Vilhena!

Não vi seu post lá, mas já já vou conferir!

=D