sábado, 9 de janeiro de 2010

Terror à maneira de Todd Haynes

Safe (A Salvo) estava estocado no meu computador há meses. Até que, na última quinta-feira, coloquei a película de Todd Haynes à prova. Foi a primeira vez que vi algo deste diretor norte-americano, venerado por parte da crítica (acho que 70% dela) pelo apuro estético de seus (poucos) filmes e por suas doses de surrealismo e experimentalismo, a exemplo de Far from Heaven (Longe do Paraíso) e I'm Not There (Não Estou Lá), que ganharam bons elogios.

Julianne Moore, na pele da dona de casa Carol White, desenvolve reações alérgicas a quase tudo, mesmo sem ter histórico de doenças ou registro de queda nas taxas de metabolismo e defesa do organismo -- dados que o médico da família insiste em apresentar ao casal, mas que White ignora. Haynes apresenta a crise de uma mulher que vive bem, num bairro seguro, tranquilo, agradável, com empregadas à disposição e tempo livre para lazer, encontro com amigas, exercícios físicos e cuidados com o jardim. No entanto, desde as primeiras cenas, mesmo antes da doença misteriosa, sabemos que White é infeliz, vazia. E a atuação de Moore, gélida, sisuda, tensa, como se estivesse prestes a explodir a qualquer momento, é aterrorizante. Contribuem, nesse sentido, a trilha sonora em volume médio, que por vezes se confunde com a própria respiração de White -- e também com a sua.

Enfim, não sabemos (e mesmo que eu soubesse, não revelaria) se ela está realmente doente ou completamente louca.

Paro por aqui e deixo-vos a análise do sempre excelente A. O. Scott, do The New York Times:


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