terça-feira, 2 de março de 2010

Oscar: Un Prophète vs Das weisse Band

Perdi fôlego no fim das férias e não vou conseguir mesmo ver todos os indicados (é claro que nunca acreditei que conseguiria ver, né, amigos...). E aí meus 15 dias de recesso passaram rapidamente, voltei à redação e à carteira de sala de aula -- a contra-gosto. Nesta reta final pré-Oscar, pelo menos consegui conferir Das weisse Band (A Fita Branca) e Un Prophète (O Profeta), os mais fortes na disputa do prêmio para melhor filme estrangeiro.

Como bom cinéfilo moderado, não conheço direito a filmografia dos realizadores das películas supracitadas, Michael Haneke (só vi Funny Games, peço perdão) e Jacques Audiard (nada, peço misericórdia, mas estou baixando os dois longas anteriores dele). O hype está todo no filme do Haneke, que ganhou tudo -- Cannes, Globo de Ouro e ad infinitum. Audiard levou o prêmio de direção em Cannes, mas, olha, eu vi em O Profeta um estudo de personagem muito legal, que me lembrou vagamente o Scorsese de Mean Streets (Caminhos Perigosos) e Goodfellas (Os Bons Companheiros). Vagamente, gente. Audiard nunca será um Scorsese. No máximo, talvez um David Fincher melhorado. Para resumir: um thriller bem dirigido, divertido, com boas observações sobre a relação dos franceses com a comunidade árabe que vive no país e um climão melancólico à la 25th Hour (A Última Noite) -- e ainda tem a trilha sonora delicada de Alexandre Desplat, que, surpreendentemente, se encaixa perfeitamente na narração.

Não justifiquei por que não achei A Fita Branca digno da minha preferência. O filme é lindo, fotografia sofisticada (merece mais esta estatueta, mas terá que vencer Bastardos Inglórios, penso eu), gostei até da narração em off -- até da narração em off, gente. Isso sem falar nas atuações da criançada. Mas, não sei... ficou faltando aquele clima perturbador que eu esperava de um filme que foi vendido como "uma análise profunda da maldade humana".

Talvez eu precise ver mais coisa do Haneke. E devo. Dentro do que cada filme propôs, porém, O Profeta acertou nos alvos certos. O filme de Haneke, apenas no tributo estilístico ao cinema de Bergman.

Um comentário:

Deyse Batista disse...

Não assisti a'Fita Branca, mas vejo O Profeta como uma produção extremamente digna. Mas, considerando que errei boa parte das minhas apostas do ano passado, esse ano me limitei muito em relação ao Oscar - vou deixar para assistir tudo depois da premiação.
Adorei o blog, ganhei momentos bem satisfatórios lendo seus posts antigos :)
Beijos.